No Eixo Estrutural Oeste em Curitiba – marco do planejamento urbano da cidade por consolidar o conceito de crescimento baseado no tripé transporte coletivo, sistema viário e uso misto do solo –, o edifício DS 1529 se apresenta como uma obra que se abre à cidade ao mesmo tempo em que impõe sua solidez nesse contexto dinâmico.

A abertura está caracterizada pela forma como o edifício se relaciona com a rua. Ao nível do solo, o térreo se abre generosamente para o passeio, com um grande volume transparente que se inclina para dentro do lote, como um convite à entrada. O vidro dissolve os limites entre o interior e o exterior, e o pilotis suspende a torre de concreto, criando um fluxo contínuo entre a urbe e o edifício.

A tipologia de edifícios de salas comerciais caracteriza-se por peles de vidro que envelopam todo o prédio e criam uma estanqueidade com espaços externos. Em nossa proposta, por meio de varandas buscamos criar essa relação com o exterior, garantindo ainda a iluminação e ventilação necessárias por meio de aberturas que estendem o espaço interno. Além disso, as sacadas marcam os pavimentos e conferem ao edifício um ritmo e horizontalidade. Outra característica que buscamos trazer foi a possibilidade de reversibilidade da tipologia de salas comerciais para lajes corporativas, através da estratégia de posicionamento da estrutura e das prumadas hidráulicas na zona periférica do pavimento.

Marcada pela linha reta e pela austeridade do concreto aparente, a estrutura se revela e não se esconde; sem revestimentos, é uma afirmação de honestidade e de clareza. É a concretude do material contrastando com a leveza do vidro, criando uma conversa entre os volumes sólidos e as superfícies transparentes, entre a força e a delicadeza.